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Achados e Perdidos: Reconectando com Quilombolas no Brasil

Ángel Eduardo de perfil da imagem

Ángel Eduardo

A photo of Bianc with a woman.

Bianc Amorim buscava cultura para compartilhar. Ele não tinha ideia do quanto encontraria.

Cantor que fez carreira em Belo Horizonte, Brasil, depois de se formar em Relações Públicas, Bianc voltou à sua cidade natal, Passa Tempo, para iniciar um projeto, o Estações – Música na Praça, no qual apresentava-se música e conteúdo cultural, como representações do folclore, moda, dança e arte brasileiras, com Curadoria do próprio Bianc. O conteúdo foi concebido como uma forma de celebrar a cultura e a herança brasileiras, aproximando as pessoas através da valorização e educação.

Enquanto planejava um próximo evento, Bianc encontrou algo que o surpreendeu. “Eu estava no Facebook, e um fotógrafo conhecido meu publicou fotos de pessoas de um quilombo.” Ele lembra. Um quilombo é um assentamento de afro-brasileiros - chamados quilombolas - que eram descendentes de escravos brasileiros, em fuga. Os quilombos foram isolacionistas e ocultos até a abolição em 1888 e permanecem relativamente obscuros em muitas partes do Brasil até hoje.

Bianc tinha ouvido falar dos quilombolas, mas até então, não sabia que havia uma comunidade em sua própria cidade natal. Mas ele sabia que também não poderia ser o único. Então, ele pensou que aquele era o conteúdo cultural perfeito para trazer à luz. “Senti a necessidade de conhecer essa comunidade”, diz ele, “para preservá-la e para que outras pessoas saibam que eles estão aqui (os quilombolas), eles existem e têm uma herança e cultura muito únicas”.

Reconectando o Quilombo com Passa Tempo

Bianc procurou a comunidade Quilombola Cachoeira dos Forros - e convidou-os a contribuir para o próximo programa – Estações - Música na Praça. Entre os atos musicais, as mulheres quilombolas entraram, exibindo orgulhosamente uma variedade de penteados afro-brasileiros únicos, com grande alarde da comunidade Passa Tempo. "Eles estavam invisíveis até aquele momento", lembra Bianc, "mas agora a cidade começou a saber mais sobre eles."

Bianc estava apenas começando. "Entrei em contato com um amigo em marketing digital que criou um logotipo e criei uma página no Facebook para eles", diz ele. "Agora a comunidade existe online." Bianc também produziu um panfleto listando todos os negócios em Passa Tempo e colocou uma fotografia do QUILOMBO na capa. O panfleto foi amplamente distribuído à população de 8.400 habitantes de Passa Tempo, gravando indelevelmente a presença dos quilombolas na consciência dos moradores.

Left: A group of people creating dolls. Right: Handmade Dolls

Os quilombolas se reconectam através de bonecas Abayomi

Utilizando sua experiência em relações públicas, Bianc continuou a organizar eventos, incluindo oficinas de artesanato, conectando os quilombolas à comunidade externa. Foi durante uma dessas oficinas que os quilombolas inesperadamente começaram a se reconectar com peças de sua própria história - coisas que eles mesmos começavam a esquecer.

“Houve uma oficina de bonecas abayomi”, diz Jordana Fernanda Mariano, representante do Quilombo em Cachoeira dos Forros. "Minha tia os viu e disse: 'Eu me lembro disso!'"

Abayomi, que significa "encontro precioso", são bonecas de pano com uma história poderosa. Ao serem transportadas pelo Oceano Atlântico em navios negreiros, as mães africanas rasgavam suas próprias roupas e, usando nós e tranças, as transformavam em bonecas para confortar seus filhos aterrorizados. Estas informações eram algo que os quilombolas haviam perdido. "Sabíamos das bonecas", diz Jordana, "mas não sabíamos a história".

"Elas foram transmitidas de nossos ancestrais", acrescenta Jordana. “Minha avó deu uma para cada uma das filhas, e minha tia brincou com elas enquanto cresciam. E depois de mais de 40 anos, minha tia conheceu essa história das bonecas. Foi muito poderoso. ”

Após o seminário, Jordana e outros no quilombo começaram a fazer as bonecas Abayomi, e outra ideia nasceu. "As mulheres costumam trabalhar colhendo pimentas, o que é muito duro com elas", diz Bianc. "Eu queria ajudar a obter outra fonte de receita". Bianc ajudou os quilombolas a iniciar um negócio, criando e vendendo bonecas Abayomi. Em contraste com sua história sombria, as novas Abayomi foram criadas com amostras vibrantes de tecido, transformando-as em um símbolo para a comunidade quilombola agora visível em Passa Tempo. “A boneca Abayomi valoriza a cultura africana”, diz Jordana, “e contribui para o reconhecimento de nossa herança afro-brasileira”.

Left: A child Center: A picture of Bianc with someone. Right: A person outside.

Mais exposição para o quilombo

Bianc continuou produzindo eventos com destaque para os quilombolas, incluindo exposições de bonecas Abayomi e outros artesanatos quilombolas. Em 2019, o fotógrafo Luiz Maia participou de um dos eventos e levou retratos da quilombola para uma exposição.

As fotografias serão exibidas em uma exposição na galeria da Assembléia Estadual de Belo Horizonte no dia idealista 3/3/2020. "Quero que a comunidade seja capaz de ter vidas dignas", diz Bianc, "com um senso de orgulho de sua cultura e herança". A exibição para a população de mais de 1,4 milhão de habitantes de Belo Horizonte dará ao Quilombo em Cachoeira dos Forros uma plataforma e um nível de visibilidade que eles nunca tiveram antes.

Quando perguntado sobre seus planos futuros com os quilombolas, a resposta de Bianc é simples. "Estou muito focado em tornar este projeto sustentável", diz ele. “Meu objetivo é que as pessoas do quilombo se orgulhem de suas origens, que todos aprendamos mais sobre eles e que os quilombolas se tornem autossustentáveis.”

Libertos - Exposição Fotográfica - 2 a 6 de Março
Se você está em Belo Horizonte, que tal visitar a exposição no dia 3/3 - Dia do Idealista - e conhecer Bianc e Luiz Maia pessoalmente??
A yellow line with a star at the end.

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Tradução: Poliana Guerra é escritora na PoliContent e Idealista de Nova Era, Minas Gerais.

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Ángel Eduardo

Angel Eduardo tem histórias publicadas no The Caribbean Writer, Mr. Beller's Neighborhood, e Label Me Latino Journal. Mais de seu trabalho (em inglês) pode ser encontrado em sua website www.angeleduardo.com.